X.

A questão é que, em se tratando de palavras, não há do lado de fora. A aranha, sim, enteia o que é não é aranha. Se aranha Alice fosse, dentro de sua própria unha, dentro de seu próprio vento, poderia ter o seu próprio sonho de bolso. E até a chuva seria coisa pronunciável. Não conhece mote melhor para meditar do que o chão e chuva. As poças lá paradas captando imagens blindadas. Pensa assim: lá, aquelas imagens empoçadas, se ninguém as pensa, vê ou escuta; se ninguém, se palavra alguma as contorna, pode dizer que elas são o reflexo de qualquer coisa que não delas próprias? De outro jeito: quando uma criança põe água num canudo e sopra, e as bolhas milhares esvoaçam – e o menino de olhos fechados para soprar melhor -, então as bolhas prismam. Prismam o olhar. Então, se é assim, pode-se dizer que algo se prisma?