Eu acho que eu tinha lá meus 12 anos quando alguém me deu algo que eu não queria... 'A sensibilidade'. Foi então que comecei a querer ser criança. Orava todos os dias pra não perceber as coisas, e hoje em dia não me enxergo direito. Acho que Deus deixou o milagre pela metade. Às vezes as coisas são tão óbvias que se tornam complicadas. Não quero isso. Não, obrigada.. não quero entender. A verdade é que às vezes vejo o que ninguém vê. Sinto o que poucos sentem. Sensibilidade maldita! E como explicar que o que você se esforça para camuflar, eu enxergo nitidamente? Nem você admitiria que acredita, nem eu teria provas. É um jogo onde você sabe que eu sei, e não precisa de provas, mas eu me desespero pelo teu silencio, pelo braço que você jamais dará à torcer. Não existe vencedores ou perdedores, mas eu sei que quem mais sofre sou eu quando procuro provas que não existem pra te mostrar o que você sabe que eu sei mas finge não saber. O que eu sinto eu só sinto, não se vê, não se cheira, não se escuta, não se lê... Mas, sem isso também não seria possível. Os outros sentidos me ajudam a perceber.
Viciada nas entre linhas, quero sentir o verdadeiro toque, a respiração ofegante do desejo, do "quero agora". Sei quando falas e não dizes nada... Sei também quando não falas e gritas por dentro. Eu queria ser criança ainda, não saber de nada, ou pelo menos não lembrar que sei.
- A sensibilidade consciente me dói. Queria ser burra... Mas, infelizmente, sou louca.