¨ dia dois..

Henrique foi morar no interior
E pendurou seus anos de loucura
Num prego que cravou na testa da mulher.
Vendia móveis de escritório de segunda mão
Lá pelos lados de num sei onde.
Pediu um empréstimo de uns milhares a 15% ao ano
E começou a pagar um apartamento de dois quartos.
A mulher era um trapo
Que fazia excelentes drinques.
Quase nunca abria a boca.
E tinha um pequeno chihuahua chamado Carlos,
Com uma doença de pele qualquer.
E totalmente cego.
Tinham uma cozinha bem moderna
Com forno automático (e a merda toda)….
Henrique guiava um pequeno Sedan
E eram muito felizes.

Uma noite, quando Henrique voltava do emprego,
Parou numa loja de bebidas,
Comprou duas cervejas.
Bebeu-as no carro, a caminho do posto de gasolina.
Encheu um galão com gasolina.
Foi para casa, molhou tudo e tacou fogo.
Ficou rindo, encostado no carro do outro lado da rua
Vendo tudo pegar fogo em tons de laranja e vermelho.
Ligou o rádio, colocou numa estação de sucessos.
Pegou um caminho que dava para Recife.

Nunca suportou aquele cachorro.