quando te vejo,
me embaralho todinha nas palavras.
nunca elas me foram tão complexas
quanto me são nessa hora.
só duas palavras que ensaiei
tomam o rumo da porta pra fora,
e são elas: te amo.
e segue o dia cheio de cores,
a combinar com o preto dos olhos e cabelos,
e ajustar-se a cor morena da pele.
te amo, e o amor vem com mil e um sabores
pra fazer bonito como o jeito que me beijas.
pois quando você me beija,
meus pelos se levantam para te admirar;
e quando me abraças,
eles deitam calorosamente,
como uma reverência,
esperando você também deitar.
te amo todo o dia.
se alguma vez me perguntarem
pelo coração, eu direi:
"não sei bem.
há muito não tenho precisado tomar conta dele".
sei que me olharão espantados,
como se eu o tivesse entregado ao acaso.
isso seria uma conclusão lastimável.
mas eu sei, só eu sei,
que o que eles poderão chamar de acaso
eu chamo de amor.
essa é minha conclusão sorridente.
mas a ocasião não me afasta do mal de pensar.
penso em ensaiar versinhos, sorrisos e palavras,
mas sei que sairão elas todas destrambelhadas.
digo: te amo,
e está nisso tudo resumido.
e como é danado o amor
que não se deixa resumir.
então, repito:
te amo.