¨ anti-penitencial..


Se o que sucumbe a dor e a força alheia

escorre entre os olhos e à face pousa,

transforma-se em mergulho

ou em palavra frágil,

cala o peito como o último beijo

ou excitação forçada.


Mas se espera-se a força da pupila marejada

ao que a voz não quer calar,

a apreensão então sobra no último

gole de cerveja quente,

na camisinha estourada,

no filho ao descer descarga abaixo,

na moeda negada ao bandido armado

e na forca fria com um corpo agoniado a estrangular-se.


Contudo, se pelo rosto escorre apenas

esta lágrima como prova de consolo à pupila:

que desça um temporal a ânsia eterna,

mas sem cravar no coração a ternura

dos que choram a dor do gozo,

a ferida aberta ao sal,

a disputa acirrada da morte,

a sensatez dos que morrem

sem pedir perdão.