Uma única cidade, a de Olinda,
a partir do momento em que a viu,
como se a vida ao vê-la o consumisse
inteira e para sempre o possuiu.
Nela, cedo aprendeu seus sortilégios,
à poesia tecer com a sua renda:
a amar, com uma ternura sem remédio,
a tarde em chama ser verbo e depois lenda.
Ou no mês de janeiro a chuva leve
que, manchando o verão, apressa os passos
para sentir, num instante eterno e breve,
a cidade esfolhar-se entre os seus braços.
De cor conhece sua claridade,
seu tempo preguçoso, a vida gasta:
esse verão que em nós sonha quando arde,
sonha muito mais depois que passa.
É assim que a folheia, como se,
ao felheá-la, a estivesse lendo,
enquanto a vida vai, nesse ir e vir,
serena e docemente anoitecendo.