¨ mimese..


Toca o telefone.

-Alô, tudo bem?

O senhor que vive infeliz observando a lua refletir na poça, responde:

-Vou bem. A lua está linda!

Mas poderia dizer que perdeu a alegria e enquanto procura, só encontra tristezas pela casa.

Que está vivendo em preto e branco, a alegoria de um passado colorido que desbotou.

Mas o que isso importa?

O senhor poderia dizer:

- Vagaluminarios e sungolofotes se borboletronicam nas chuvandeirodas da primaventura.

Que a resposta do outro lado será:

- Tudo!

Supondo que iria repetir a pergunta, obedecendo ao figurino seqüencial da função fática.

Como uma enfermeira que entra no quarto do morto dizendo:

- Bom dia!

Por isso, ao passar por uma árvore, cairá uma folha sobre meus ombros. Vou acompanhá-la com os olhos até que toque o chão. Depois, mimeticamente, a recolherei, e erguendo o braço, eu direi: - Com licença, desculpe incomodar, mas acho que a senhora deixou cair esta folha.