¨ canto meu..


Em cada esquina dessa cidade distorcida por ruas, afundada por rios, sustentada por pontes-raízes, portos, centros, pensamentos. Em cada canto, nos Quatro Cantos, pertinho daqui – lá na cozinha ou no corredor, procuro-me em resposta. Mesmo perdida em trânsitos, não tenho transtornos não. Deixo a pouca brisa arrebentar o fraco pulmão de quem já teve pneumonia, ao som do tango argentino de Manuel Bandeira e seu Pneumotórax. Permito-me à coreografia dos rostos em gestos. Recife é mais ou menos como me sinto agora – meio caótica, mas absurdamente poética e levemente dramática. Estar em casa, levada em leveza por entre casarões holandeses, beber cerveja com o canto do olho pousado nas ARTmanhas do velho barbudo Brennand, sentir almas de paz, abraços de mãe, beijos vermelhos e brancos, coração batendo pandeiro, pé naquele baque, carne de carnaval, Amor. Insisto, estar por aqui, fingida de perdida, faz-me sentir bela, entregue a esta consonância de paisagens e elementos. Faz-me pensar que, sim, estou no lugar certo.