O artista usa arte como um meio de escapar da neurose. A criatividade oferece uma compensação da incapacidade do artista de viver plenamente a vida. Bem, isso é meramente um aperfeiçoamento de uma opinião de um grande ex-professor-amigo meu. Ele afirma que se gozássemos a vida plenamente, não teríamos necessidade da arte. Em minha opinião ele formulou a questão de trás pra frente. É claro que não nego que o artista tem aspéctos neuróticos. Como posso eu, dentre todas as pessoas, negar isso? Sem dúvida, sou uma neurótica, mas isto é, em grande medida, a conseqüência de ser uma artista e não uma causa. Quando temos tão altas aspirações e com tanta freqüência não conseguimos realizá-las, como é possível que não induza a neuroze? Não somos condutores de um bonde que querem apenas perfurar os bilhetes e anunciar as paradas corretamente. Além disso, minha resposta ao meu professor é simples: como pode uma vida vivida plenamente deixar de incluir um de seus mais nobres prazeres, que é a apreciação da arte?